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Completamente diferente de todos os retratos produzidos por Guignard no Brasil, a obra em questão foi descoberta pelo marchand francês Marc-Henri Tellier, em 2019. O retrato pintado em 1928, enquanto Guignard ainda morava na Europa, estava perdido em um antiquário na França.

 

A fotografia encontrada no acervo da Iris Biachi, uma das paixões de Guignard, é a prova de sua autenticidade. O selo no verso da obra, indicando a estação de trem de Nice, aponta uma possível procedência: a cidade de Grasse, onde Guignard passou um longo período numa fazenda da família, praticando pintura e desenho ao ar livre com toda iluminação da Provence, que tanto inspirou os impressionistas.

 

Talvez a moça seja a Baronesa de Massenbach, cujo quadro foi enviado para participar do Salão de Outono de 1928 e, possivelmente exposto com o título de Catherina. Talvez seja apenas uma bela jovem que aceitou posar para o artista, enquanto o mesmo se aprimorava de forma autônoma, após o término de sua formação acadêmica. Mas, de fato, sobre a jovem recai o mistério de sua identidade.

 

Sobre a tela, o pesquisador Marcelo Bortoloti nos oferece uma breve análise, indicando elementos técnicos da mesma:

A tinta pastosa impregnada em camadas espessas se distancia da translucidez típica do artista maduro, característica que segundo alguns críticos ele herdara dos mestres italianos. As pinceladas, muito exatas no contorno dos olhos, das sobrancelhas e do queixo, são jogadas e soltas na fatura do vestido e do chapéu, numa tentativa expressionista que parece ficar no meio do caminho. Pode-se dizer o mesmo das cores, que nos revelam uma modelo claramente loira, de olhos azuis e boca bastante vermelha, mas ao mesmo tempo enveredam por uma arbitrariedade quase fauvista no colorido da roupa branca e  no  fundo  que  traz  uma  paisagem  indeterminada  e  diluída,  não se definindo entre a realidade e a invenção (BORTOLOTI, 2022).

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