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Guignard
VITOR, Raul de São. Guignard. Ronda Artística. In: Diário de Minas. Belo Horizonte, 02 julho de 1954, p. 09.
 

(...) O autor de “Balões de São João”, andando pelo parque com o jornalista, estava bem humorado. Falou das primeiras exposições e, a certa altura, pegando no braço de Raul de São Vitor, mostrou o céu e disse: “Sabe a impressão que essa cor me dá? É de fazer assim tiiimmm! “Interrogado sobre a vocação pictórica dos mineiros observa que “...existem em todo indivíduo sinais de sensibilidade para a pintura. Não se manifesta muitas vezes tal sensibilidade, por que não foi convenientemente observada e aproveitada. Para que vamos à escola? Não é para aprender a ler e escrever? Da mesma forma todos poderiam aprender e desenhar”.

Sobre as concepções de arte, Guignard falou: “A minha preferência apaixonada é para o desenho abstracionismo. Para quem sabe desenhar bem, é fácil pintar. E que maravilha a ciência do desenho puro! Mestre genial foi Leonardo da Vinci! A verdadeira pintura moderna? Não é mais do que , em nossos dias seguir os passos da penetração artística de um da Vinci, de um Holbein, de um Goya e tantos outros. Giotto, e logo depois Paulo Ucello, e na mesma época Pierro da La Francesca, tão expressivos na sua fase ao mesmo tempo simples e monumental – todos esses eram considerados no seu tempo “modernistas”.

Disse dos modernos falsos e dos sinceros e da morte dos ismos. E sobre o surrealismo criado por Dali: “não é mais do que um esforço de reintegração no caminho da pintura clássica...”  “...olhe, meu amigo, a criação de uma pintura surrealista sincera exige muita segurança no desenho, muita poesia e sensibilidade infinda no colorido...É fácil fazer um retrato, mas é muito difícil criar uma obra”. 

Inquerido sobre sua consciência de artista, o pintor de “Paisagem de Itatiaia" respondeu:

“Encaro a minha própria pintura como obrigação e dever no tempo atual”. A aspiração do mestre era “demonstrar como se deve ver e sentir a nossa natureza". Frisa mais uma vez o perigo dos falsos em arte, principalmente na moderna. É, pensando bem, Guignard foi sincero ao que disse e sua arte vem caminhando nos termos da entrevista. Com a exposição, teremos oportunidade de estudar, em conjunto sua obra magnífica.

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