FESTA DE SÃO JOÃO

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Foi nos retratos que Guignard alcançou uma mescla entre modernidade e tradição, carregando consigo um estilo muito pessoal. Tanto os retratos pintados no Rio de Janeiro, quanto em Minas Gerais são de artistas e intelectuais, amigos e seus familiares, sendo a maior parte precedido pela convivência ou fruto de uma longa amizade. Segundo alguns críticos de arte, foi nesse gênero que Guignard produziu o melhor e o pior de sua obra. Seja como for, é fato que o artista alcançou fama de retratista alguns anos após sua chegada no Brasil, em 1936, devido ao sucesso de sua exposição no Palace Hotel.
Em relação as mulheres artistas pintadas por Guignard, podemos citar, como exemplo, o belo Retrato Felicitas Barreto, bailarina do corpo de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Produzido em 1931, após várias sessões, a obra apresenta linhas finas e delicadas, que dão uma sensação de leveza, e um fundo montanhoso azul-esverdeado capaz de projetar a figura feminina para a superfície do quadro. Pela sua excelência, a tela foi exposta pela primeira vez no Salão Revolucionário daquele ano, com o título Paletó de Veludo.
Outra obra que vale a citação é o Retrato de Celina Ferreira, poetisa, por quem Guignard se apaixonou platonicamente, sendo o maior amor do mestre em Minas Gerais. Celina foi pintada por Guignard em 1952, depois de muita insistência do artista. Segundo o pesquisador Marcelo Bortoloti, Guignard pintou o quadro em várias sessões, modificando seu fundo ao eliminar a paisagem inicial para concentrar a força expressiva no rosto de Celina. Apesar de ser uma mulher jovem e bela, o artista representou sua musa de apenas 23 anos de forma masculinizada e envelhecida, em uma provável tentativa de relativizar sua diferença de idade diante da amada.
Por fim, o Retrato de Bella Paes Leme, cenógrafa brasileira, que antes de se dedicar ao teatro, foi pintora atuante no Rio Janeiro. Produzido em 1939, a obra apresenta um fundo montanhoso e verticalizado, um tipo de construção espacial presente em muitos dos trabalhos do artista, principalmente na década de 30. Uma obra na qual o fundo projeta a modelo, enquanto conflui com a mesma na sua condição cromática, oferecendo destaque ao rosto que é permeado por luz e sombra. Por sua vez, o Retrato Bella Paes Leme foi elencado para participar do Salão Nacional de 1942.


